Minha familia

Minha familia

Um pouco mais de mim!!!

Sou assim, um tanto maluca as vezes, cheia de alegria, vontade de viver intensamente cada momento como se fosse o único instante a ser vivido e assim o é, a vida é curta, os momentos breves demais, segundos passageiros que me escapam, por isso estou aqui, deixando momentos eternizados em palavras...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O que a vida nos pedi??

Tenho andado distraída, pensativa..
A vida passa rapidamente e a tanto a fazer!!
O que a vida me pedi?
O que eu peço da vida?
Como equilibrar os desejos e deveres?
Ou será que isso tudo é paranóia, que a vida é simples e bela quando vivida sem muitos planos, sem muitos questionamentos?
Simplesmente vivida, acariciada no dia a dia, sem se prender a falsas aparências, ao que as pessoas querem ou desejam!
Vivo simplesmente com aquilo que amo,
Vivo e vivo muito bem com minhas escolhas, bobas e pequenas, sem muitos méritos, mas plena, todos a minha volta amam e sentem-se amados..
mesmo o menor dos menores, aquele que passou em minha vida por um brevíssimo segundo, por um dia, por um momento, por uma temporada...
Que cada um que por mim passar,sinta-se inteiro e pleno, que sinta-se amado em sua plenitude por mim, que meus olhos tantas vezes, turvos e obscuros por tantas coisas, possa se clarear diante de cada um que em minha frente estiver, que fazer compania a mim por um tempo, a você que passou por mim, por um dia..
por um minuto..
que cruzou talvez a rua hoje e me deu um simples bom dia, a você eu agradeço e espero que você tenha recebido o meu bom dia tambem da forma com que eu recebi o seu!!
Tornou o meu dia mais feliz, aquele momento foi único e a ti eu agradeço..
E assim mais um dia passo com alegria, nada de muito extraordinário aconteceu, mas quem disse que devia acontecer???
A vida simples é bela é boa e assim vou vivendo!!

terça-feira, 11 de maio de 2010

A Paixão da Carne

A paixão da carne
Envolto em toalhas
Frias, pego ao colo
O corpo escaldante.
Tem apenas dois anos
E embora não fale
Sorri com doçura.
É Pedro, meu filho
Sêmen feito carne
Minha criatura
Minha poesia.
É Pedro, meu filho
Sobre cujo sono
Como sobre o abismo
Em noites de insônia
Um pai se debruça.
Olho no termômetro:
Quarenta e oito décimos
E através do pano
A febre do corpo
Bafeja-me o rosto
Penetra-me os ossos
Desce-me às entranhas
Úmida e voraz
Angina pultácea
Estreptocócica?
Quem sabe... quem sabe...
Aperto meu filho
Com força entre os braços
Enquanto crisálidas
Em mim se desfazem
Óvulos se rompem
Crostas se bipartem
E de cada poro
Da minha epiderme
Lutam lepidópteros
Por se libertar.
Ah, que eu já sentisse
Os êxtases máximos
Da carne nos rasgos
Da paixão espúria!
Ah, que eu já bradasse
Nas horas de exalta-
Ção os mais lancinantes
Gritos de loucura!
Ah, que eu já queimasse
Da febre mais quente
Que jamais queimasse
A humana criatura!
Mas nunca como antes
Nunca! nunca! nunca!
Nem paixão tão alta
Nem febre tão pura.


in Antologia Poética
in Poesia completa e prosa: "Nossa Senhora de Los Angeles"

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O Falso mendigo

O falso mendigo
Minha mãe, manda comprar um quilo de papel almaço na venda
Quero fazer uma poesia.
Diz a Amélia para preparar um refresco bem gelado
E me trazer muito devagarinho.
Não corram, não falem, fechem todas as portas a chave
Quero fazer uma poesia.
Se me telefonarem, só estou para Maria
Se for o Ministro, só recebo amanhã
Se for um trote, me chama depressa
Tenho um tédio enorme da vida.
Diz a Amélia para procurar a "Patética" no rádio
Se houver um grande desastre vem logo contar
Se o aneurisma de dona Ângela arrebentar, me avisa
Tenho um tédio enorme da vida.
Liga para vovó Neném, pede a ela uma idéia bem inocente
Quero fazer uma grande poesia.
Quando meu pai chegar tragam-me logo os jornais da tarde
Se eu dormir, pelo amor de Deus, me acordem
Não quero perder nada na vida.
Fizeram bicos de rouxinol para o meu jantar?
Puseram no lugar meu cachimbo e meus poetas?
Tenho um tédio enorme da vida.
Minha mãe estou com vontade de chorar
Estou com taquicardia, me dá um remédio
Não, antes me deixa morrer, quero morrer, a vida
Já não me diz mais nada
Tenho horror da vida, quero fazer a maior poesia do mundo
Quero morrer imediatamente.
Fala com o Presidente para fecharem todos os cinemas
Não agüento mais ser censor.
Ah, pensa uma coisa, minha mãe, para distrair teu filho
Teu falso, teu miserável, teu sórdido filho
Que estala em força, sacrifício, violência, devotamento
Que podia britar pedra alegremente
Ser negociante cantando
Fazer advocacia com o sorriso exato
Se com isso não perdesse o que por fatalidade de amor
Sabe ser o melhor, o mais doce e o mais eterno da tua puríssima carícia.
(Vinicius de Moraes)

Ausência

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

(Vinicius de Moraes)